Depois de um tempo de ostracismo cinéfilo para volto às minhas postagens semanais sobre cinema. É, desculpe não ter sido na data corretinha, mas acontece. Não se repetirá. E venho hoje para encerrar essa minha "trilogia" nos três grandes campos de filme que vêm sendo bastante criticados por todos os lados – as sequências, as adaptações e o tema desta semana, os remakes.
Eles são uma consequência natural dos nossos anseios de querer ver grande clássicos rodados com o máximo que a tecnologia cinematográfica atual pode oferecer. O conceito não parece ser melhor, refazendo uma grande obra com mais recursos ela vai estar mais atrativa e acessível para o grande público da atualidade. Mas a questão levantada por especialistas é que ela nunca será completamente fiel (podendo chegar a ser um reboot), e que as atuações clássicas e o belo aproveitamento dos recursos daquele tempo devem ser mantidos na história e aproveitados do jeito que são. Clássicos são clássicos. Afinal, quando um remake vale a pena?
Não dá para fugir muito, a originalidade é um dos fatores primordiais no sucesso de uma produção cinematográfica – mesmo que o filme não seja original. Como assim? Quando pagamos a entrada para uma sala de cinema ou alugamos um filme estamos buscando algo que não podemos simplesmente ver pela janela, ou então, aí está o x da questão, algo que vemos todo dia pela janela de um jeito diferente.
Imagine que você passeia serelepe e tranquilo pelas ruas da sua florida cidade quando vê no quarteirão ao lado um avião se jogar sobre um prédio que é o símbolo econômico mundial. Você fica estupefato, borra as calças e depois corre até o local, resgata algumas vidas e passa o resto da vida com problemas pulmonares enquanto não tem dinheiro para adquirir um plano de saúde e acaba tendo tratamento precário, quando tem. Malditos Yankees. Enfim, você participou de um momento histórico. Se fizessem uma super-produção sobre aquele momento no cinema você iria ver? Óbvio! Apesar de ter participado daquele momento você quer saber como será a adaptação, será algo novo para você, uma nova leitura de um evento antes conhecido.
O mesmo ocorre com os fãs de Homem Aranha quando vão ver sua adaptação no cinema, eles podem conhecer a história de ponta a cabeça mas querem ver a novidade que será sua retratação em uma mídia mais dinâmica. Afinal, o cinema é o ponto máximo do entretenimento, convenhamos.
O que o público quer com remakes e reboots é exatamente isso: uma novidade. Contraditório? Não. Um remake pode sim produzir algo novo, isso pode ocorrer quando ele recria uma produção empregando recursos tecnológicos bastante avançados em relação à primeira edição - contanto que esses novos recursos tragam um efetivo acréscimo na qualidade e atratividade do filme – ou quando há uma releitura mais aprofundada, com enfoque em novos elementos, com atuações mais condizentes com o peso dos personagens e com cenários mais bem trabalhados – nesse caso, talvez um reboot.
O primeiro caso é bem útil em filmes de ficção científica, muitos deles buscam impressionar os espectadores com algo totalmente inovador, absurdo para sua realidade. Só que o tempo passa, o que era absurdo em uma época em outra já é comum – uma adaptação pode renovar essa sensação de mistério, inovação, futuro em quem assiste. Não vejo problemas em praticamente recriar o filme, quadro a quadro, apenas empregando novos recursos quando a intenção é essa. King Kong já possuía duas produções, a original dos anos 30 e uma de 1976. Nesse caso um remake coube pois a produção de 1933 possuía uma qualidade e capacidade de fascínio muito maior que a de 1976 (uma decepção) e, no entanto, possuía recursos tão escassos (apesar de bem trabalhados) que limitavam o desenvolvimento da película. Okay, eu sei que clássicos são clássicos e mágicos do jeito que são, mas é evidente que se possível os produtores do original optariam pelo que de melhor há. E a adaptação de 2005 trouxe isso. E mais: Jack Back.
Já o segundo caso também é especial. Alguns projetos merecem mesmo uma releitura mais aprofundada, ou até mesmo uma visão diferente da mesma história. A Fantástica Fábrica de Chocolate é um filme histórico de grande qualidade e muito bem protagonizado por Gene Wilder, mas uma "nova" história com a fotografia fantástica e o clima gótico de Tim Burton e protagonizada por ninguém menos que Johnny Depp não deve ser desprezada. Claro, a releitura alterou a personalidade de alguns personagens e algumas situações específicas, mas tudo com o objetivo de criar algo novo a partir de uma criação existe. Dá para ser original mesmo sobre o trabalho de outros.
E ainda há o caso em que se utilizam os dois elementos, criando produções com refinamento tecnológico mais avançado, só que com uma releitura particular. Ainda não tive a oportunidade de ver Star Trek de J. J. Abrams, mas as críticas são excelentes – mesmo sendo um reboot. Essa é uma demonstração que para fazer algo nesse estilo é essencial ter muito talento. Mas ainda do que para fazer algo original, creio. E mesmo assim há obras que são tão especiais e possuem uma profundidade tão diferenciada que não permitem um remake, como 2001: Uma Odisséia no Espaço, ela é perfeita do jeito que é, perfeita com aqueles macacos esquisitões e aquela "aeromoça" tentando fingir que está sob gravidade zero e, especialmente, perfeita em sua abordagem que mais uma é desnecessária.
Até porque vamos ser honestos, somos humanos, nenhum trabalho é perfeito (apesar de existir pessoas como Eiichiro Oda). Até mesmo os autores de grandes obras, se tivessem uma chance para, mudariam uma ou outra coisa nelas – mas cinema não é um projeto beta, uma hora a coisa tem que ser finalizada e pronto.
A situação é semelhante à de sequências e adaptações. Os casos devem ser estudados particularmente, há situações e situações. Os remakes são um projeto furado desde o começo, é só partir pelo seu princípio: Refazer algo, que muitas vezes já fez e ainda faz sucesso com sua primeira versão. Mas não dá para dizer não quando um Soderbergh que refazer um Onze Homens e um Segredo ou quando um Hitchcock quer dar uma repaginada no seu O Homem que Sabia Demais.
That's All, Folks!!!
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