domingo, setembro 20, 2009

Brasil, um país de ciclos

Mais um tema levantado nas aulas de geografia. Não tive a oportunidade de viver em outro país que não o Brasil, portanto não sei se o que comentarei também acontece fora das fronteiras tupiniquins – os ciclos. Não importa qual seja o tema abordado, pode ser política, pode ser saúde, esporte, segurança pública e até mesmo, veja só, economia. Vivemos nesses ciclos.

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Permita-me explicar melhor. Nós, brasileiros, temos uma tendência a buscar um tema em destaque em uma determinada área e sugá-lo até a exaustão completa. Herança histórica, fazer o quê. Os portugueses chegaram e perceberam que extrair o Pau-Brasil seria interessante, e o extraíram até onde poderiam; depois viram que o ambiente era propício para a cana-de-açúcar e a cultivaram o máximo que puderam; depois veio a mineração, o café e hoje estamos na soja.

Só que ninguém vive só de trabalho, então precisamos de um pouco de show. Alguém aceita doses homeopáticas de Reality Show? Melhor ainda, que tal um pouco de tragédia real da classe média alta? Passamos alguns meses debruçados sobre o garoto que ficou preso por um cinto de segurança fora do carro que era assaltado; depois (ou foi antes?) a garota que matou seus pais, e essa rendeu muitos Fantásticos; ainda tivemos a garota que foi arremessada pelo pai da janela de seu apartamento, com direito a reconstituição narrada ao vivo pela Record; nesse meio termo algumas quedas de aviões e por aí vai.

Mas nem tudo são flores para Joseph Klimber, e em uma bela manhã de sol ele percebeu que precisava se preocupar com algo, que o governo, a mídia e a indústria farmacêutica precisavam fazer ele temer alguma coisa. Pois bem, se no início do século passado o que temíamos eram as vacinas e os tísicos – que eram mantidos afastados da sociedade e de que todos tinham medo de chegar perto – mais recentemente temorizamos os aidéticos (cuidado com o louco das seringas), travamos uma guerra (e perdemos) contra um mosquito e crucificamos quem desse um espirro em local público. É o hype do momento, gripe mata.

Nada, obviamente, que se compare ao que a novela das oito vende para nós. Alguns anos e só o que se via eram "clones" de apetrechos marroquinos envoltos em sete véus. Pff, isso foi tão 2002. Quem não tem um tecido indiano, lápis nos olhos é last week, arebaba. Aliás, o que houve com o francês? A língua dos cultos, o século XIX dizia que quem não a tivesse em seu menu, em cima do birô, iluminado pelo abajur, seria demodê.

Isso tudo é tão complicado, é melhor ir pro sofá da sala, tomar uma e ver o coringão. Aliás, porque não ver a Daiane dos Santos dar umas piruetas? De repente todo mundo era expert em ginástica rítmica (ou seria olímpica? algo assim). Melhor, vamos ver o Guga ganhando dos gringos – um esporte é tão popular quando a gente sempre ganha, é mais legal de ver. Quem vai querer assistir Rúgbi? É um dos esportes coletivos mais populares do mundo, mas se o Brasil não tem uma das melhores seleções então não presta. Bando de marmanjo se agarrando. Melhor ver vôlei, o Bernardinho sempre leva. Leva tanto que cansou, agora é hora de ver o Cesão! Ê, esse garoto é dos nossos mesmo.

Na verdade… Só de falar disso eu estou ficando cansado, muito esporte. Vou escorar minha barriga na mesinha do computador e ver as novidades do twitter. Quem sabe não faço um blog?

10 comentários:

Gustavo disse...

Mas isso não acontece no mundo tudo? Ficar sempre na mesma mesmice enjoa.

Ah, Lee, e me perdoa, mas o crime da garota que matou os pais (Suzane von Richtofen) aconteceu MUITO antes do garoto que ficou preso pelo cinto de segurança (João Hélio). Um foi em 2002 e o outro em 2007.

E viva as imagens nonsense! :D

Bráulio Oliveira disse...

Não sei se acontece no mundo todo, talvez até aconteça. Tivemos o caso da menina que sumiu na Europa, como era o nome dela?

Enfim, 2002, 2007. Tanto faz, para você ver como me importo com essas coisas. Esqueci até da menina sequestrada pelo namorado em Santo André.

Gustavo disse...

O nome dela é Madeleine. E sim, é um caso tão chato, mas tão chato, que extrapolou os limites da Europa e ficou conhecido no mundo todo.

Verdade, tem o caso da Eloá e do Lindemberg! Mas não consigo me lembrar de mais nenhum caso na atualidade, acho que foram só esses...

Enfim, veja se não esquece o ano do seu nascimento! o-ó

Bárbara disse...

Que texto genial!

Eu estava pensando sobre isso essa semana, mas voltado mais pro lado só da imprensa mesmo, que sempre tem a "notícia da moda". A dengue continua matando centenas de pessoas Brasil afora e só falamos sobre a Gripe A.

Gustavo disse...

Talvez porque a dengue exista desde o começo dos tempos?

H1N1 é um surto mundial, muito mais perigoso. Não dar atenção necessária a um caso desses seria fatal... ainda bem que a tendência agora é que a epidemia diminua.

Bráulio Oliveira disse...

Esse comentário com irônico, né? xD

Gustavo disse...

Vou deixar que fique à sua imaginação, pra não ter que baixar o nível da conversa...

Mas sério, TODO ANO dá pra ver algum anúncio falando sobre a dengue e tudo mais. Todo mundo já sabe o que fazer, esvazie os pneus, não deixe água parada, blablabla. Já há atenção demais, huh.

Em média morrem 100 pessoas por dengue a cada ano, no Brasil. A gripe H1N1 já matou mais de MIL até agora (Jeremias que se cuide). Dá pra entender o motivo de tanta preocupação. Porém a tendência é diminuir mesmo, pelo menos é isso que dizem as fontes.

Bráulio Oliveira disse...

Okay, legal... Sabia que a diarréia mata cerca de 3000 pessoas por ano? E sabia que a gripe normal, sem ser essa da modinha, matou 753 pessoas em 2008?

Sabe o que isso significa? Que em relação a doenças é leviano você usar números absolutos. Aliás, isso não faz o menor sentido. A questão é a mortalidade, que no caso da H1N1 é menor do quê a da gripe normal. E porque essa panacéia foi criada? Porque essa gripe se espalha mais rapidamente, como realmente o fez. E mesmo assim não foi grande coisa, a maioria dos países já deixou de adotar medidas como propaganda, porque perceberam que ela não passa de uma gripe normal. Até a atitude da OMS de criar todo esse escarcéu foi bastante criticada.

Fora que essa gripe matou quase que apenas pessoas com problemas de saúde preexistentes, enquanto dengue mata independente de quem for. E em algumas variações com uma taxa de mortalidade incrível.

Eu já tive duas vezes dengue e falo sem pestanegar que prefiro 10 gripes suínas que uma dengue.

Gustavo disse...

Eu sei dos perigos da dengue. Se fosse qualquer coisa, não teríamos tanto cuidado assim com ela, combatendo o mosquito maldito. Ainda bem que você conseguiu sobreviver...

A H1N1 não pode ser considerada qualquer coisa também, simplesmente porque é uma doença, às vezes mortal. Doenças precisam ser combatidas. O fato de ter tantas mortes em um curto período de tempo gerou a atenção da mídia quanto à epidemia, o que foi preocupante mesmo, pois há tempos que não acontecia algo tão "devastador" assim. Não é uma peste negra, claro.

Enfim... pela décima vez, vou repetir, o surto de H1N1 tende a diminuir. Faz eras que eu não ouço falar na maldita gripe. Ninguém mais parece ter medo dela. Ninguém. Virou conto de fadas já.

Mas não se esqueça de que no Rio Grande do Norte a gripe A nem chegou perto de ser uma epidemia, então não dá pra falar muita coisa. Você não viveu as emoções que eu vivi. hoho

Yoshi disse...

não entendi o objetivo do post.
sério..
ou pelo menos não consegui fazer a ligação com o título. achei que ia falar de ciclos mesmo.. tipo os ciclos da moda ahuahuahua

mas pelo desenrolar da discussão, imagino que seja falar que no Brasil os jornais/pessoas dão mais destaques ao que está em alta.

acontece que isso não é, nem nunca foi novidade.. e tb não é algo que alguém fale "oh! percebi isso agora!". na boa.. isso é natural.
e é meio bobo pensar que isso só existe aqui no Brasil.

é natural.
existe algo em alta, então.. que seja explorado.
agora.. não quer dizer que eu defenda, afinal, eu sempre criticava aquelas babaquices de "caso eloá", "caso isabela" e etc.. era um absurdo. sem falar nas modinhas lançadas pelas novelas das 8.

enfim...
sobre a gripe.. gusta, eu moro no sul, uma das regiões mais afetadas pela tal gripe suína. aqui a coisa ficou bem feia, pra não dizer ridícula. a cidade parou por mais de dois meses.. CURITIBA! uma fucking capital.. parada! por causa de uma gripe.
há alcool gel em TODOS os cantos da cidade.. TODAS as clínicas, lojas, restaurantes.. em TODO lugar! e eu sempre achei tudo isso babaca. é uma gripe!
aliás.. a gripe normal mata MUUUUUUUUUUUUITO mais que essa "porcaria" (sacaram o trocadilho?)

bem.. é bom previnir e educar a população, mas exageraram.. teve uma época que as pessoas não estavam se cumprimentando! sério! tinha que ser só de longe.. sem falar na falta de alcool gel nas lojas e mercados. as pessoas surtaram.. "lavavam" a cidade inteira o dia inteiro com alcool gel.. o preço de uma garrafinha de alcool tava custando 10x mais, isso quando tinha no estoque.

sem falar nos remédios .. a industria farmaceutica lucrou horrores com pessoas ignorantes que achavam que estavam com a "gripe que mata". sendo que toda gripe pode matar..

blé