terça-feira, outubro 27, 2009

Análise de Gênero #03 – Terror Slasher

semterror É a última semana de Outubro, e o Cidadão Kang comemora a Semana do Terror!

Dentre os vários subgêneros do terro alguns conseguem estar presentes em um grande número de obras, provavelmente por sua fórmula ser bastante simples de ser executada, trazendo ainda bons resultados. É o caso do Slasher, mesmo que esse nome não signifique muita coisa de cara, você com certeza já assistiu alguns filmes do gênero. É aquele que tem um psicopata duro na queda que ninguém sabe quem é e vai fazendo uma fila de mortos, primeiro o negão, depois a garota fútil, depois o mocinho corajoso e finalmente quando chega a hora da garota indefesa… Ah, não vou contar todo post aqui! Sigam lendo!

  • Surgimento

image A origem do gênero é atribuída a Peeping Tom (1960), filme controverso de Michael Powell que mostrava um pacato fotógrafo que escondia da sociedade um bizarro fetiche: ele assassinava suas modelos, gravando os últimos momentos de suas vidas e se deleitando posteriormente com as expressões de absoluto terror. Essa perversão vouyeristíca se devia a um histórico de abusos que o pai, cientista, lhe acometera em experiências relacionadas ao medo.

Infelizmente esse filme foi condenado pela crítica que se viu horrorizada (algo parecido ao que ocorreu com Laranja Mecânica) e caiu no ostracismo por um bom tempo. Contudo, no mesmo ano, Alfred Hitchcock lançara Psicose (1960) um começo um pouco mais comportado para o subgênero. Nele, o desaparecimento de Marion Crane que havia roubado U$40 mil (naquela época deveria ser uma fortuna) mobilizou um grupo de pessoas que se viu diante de um antigo hotel de beira de estrada envolto em mistérios. Eu não vou contar o final. Hitchcock comprou todos exemplares do livro que o inspirou antes do lançamento do filme para que ninguém soubesse o final, não sou eu quem vai contar.

De toda forma uma série de assassinatos acontece e o namorado e a irmã de Marion buscam a personalidade doentia por trás disso. E, sim, esse filme é aquele clássico da cena do chuveiro em que surge a penumbra de um assassino com uma faca nas mãos. Com bases bem cimentadas o Slasher passou a se disseminar.

  • Características

image O subgênero slasher trouxe de suas origens uma gama de características, evidentemente adaptadas às novas produções, que pôde ser notada nas obras semelhantes que a seguiram no decorrer dos anos.

Inicialmente é bem delineado um grupo de pessoas – é sobre eles que os fatos durante toda longa recairão, dificilmente alguém estranho a esse grupo inicial é introduzido no decorrer da história e passa a ter uma participação determinante.

Esse grupo de pessoas então fica confinado a um determinado espaço por alguma razão qualquer – uma tempestade os prendeu em um hotel abandonado, o carro enguiçou perto de uma fazenda sombria, foram passar as férias em uma cabana aos pedaços, herdaram uma casa do tio do avó do cunhado do sobrinho da vizinha e têm que passar uma noite lá, enfim. Outros cenários podem ainda ser inseridos, mas a maioria dos eventos ocorrerá nesse espaço.

Um primeiro assassinato ocorre, esse é o plot-point da maioria dos Slashers, a partir desse assassinato os personagens buscam uma explicação ou simplesmente tentam fugir. Normalmente só tentarão fugir depois do terceiro ou quarto.

É aqui que entra a parte mais interessante do subgênero – o assassino. Na quase totalidade dos casos é alguém muito diferente do comum, que apresenta distúrbios psicológicos relativos a traumas da infância, de uma família hostil, ou ainda uma entidade sobrenatural surgida a partir de algum outro evento especial. São altamente resistentes, não morrem nem se abalam com tiros, facadas ou coquetéis molotov – diferente de suas vítimas, facilmente abatidas. Podem ser mascarados ou não, mas dificilmente terão a identidade revelada até os momentos finais do filme – o que garante o sucesso do estilo, o público preso à trama não consegue deixar de assistir até o final, mesmo que decepcione.

E aí vem o desfecho, com uma explicação científica dos fatos que levaram o assassino a fazer o que fez, um encadeamento de seus passos na execução de cada assassinato e, claro, a revelação de sua identidade. Nesse momento ele pode ser finalizado definitivamente ou deixar alguma brecha para uma seqüência – mais que comum no subgênero Slasher.

  • Expoentes

image Se você acompanhou o que escrevi até aqui certamente já deve ter associado com algum(ns) filme(s) que já viu. Podem ser destacados principalmente Sexta-Feira 13 e A Hora do Pesadelo – longas seqüências que garantiram ao gênero milhões de expectadores nos cinemas nos últimos anos e ajudaram a o consolidar. As outras três seqüências que atingiram um nível de sucesso absoluto foram Halloween, O Massacre da Serra Elétrica e Pânico. Podendo ainda se destacar Quadrilha de Sádicos e Brinquedo Assassino, além de alguns recentes de alta qualidade, como Os Estranhos.

A verdade é que esse já é um gênero consolidado e de status no hall do terror. É repetitivo? Sim. Tem finais previsíveis? Com certeza. São irritantes, com aqueles assassinos imortais? Absolutamente. Mas ver adolescentes fornicadores sendo estraçalhados ainda dá muito dinheiro, então o subgênero não morrerá tão cedo.

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