domingo, outubro 25, 2009

Música Brasileira – Parte 2: O “jeito” novo de se fazer música

Dando continuidade à série iniciada ano passado sobre a Música brasileira, falarei hoje um pouco sobre a Bossa Nova.

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Agosto de 1958, o cantor baiano João Gilberto lança um compacto com a música Chega de Saudade, marcando o início oficial da Bossa Nova.

‘Bossa’ era uma gíria carioca que significava ‘jeito’, ‘maneira’, era utilizada quando as pessoas faziam algo, de uma forma simples, fácil. O termo ‘Bossa Nova’ surgiu, então, como um jeito diferente de se tocar música, com batidinhas ritmadas de violão e letras leves, alegres, cantadas de uma forma quase falada, baixinho, sendo um movimento contrário às músicas da época.

O estilo foi bastante influenciado pela música erudita e pelo Jazz, sendo, a princípio, muito criticado por isso. No Brasil, buscou inspiração nas músicas de Dick Farney e Lúcio Alves, cantores do rádio muito conhecidos na época. O novo jeito de fazer música surgiu na Zona Sul carioca, quando alguns garotos se reuniam na casa de Nara Leão para escutar e fazer música. O Brasil vivia seu grande momento, em meados da década de 50 vivíamos sob o governo de Juscelino Kubitschek, no qual pretendíamos crescer “50 anos em 5”, assim, o estilo de vida da época refletiu nos garotos da Zona Sul, que procuravam algo inovador e que caracterizasse o seu modo de vida boêmio, mas sofisticado.

Em uma noite de 1957, quando Roberto Menescal comemorava as bodas de prata dos pais, entrou em sua casa um homem desconhecido, pedindo um violão para tocar, era ninguém menos que João Gilberto, baiano de Juazeiro. Após descobrir de quem se tratava e de ouvir a canção Ô-ba-la-lá, Menescal, encantado, foi mostrar a novidade aos seus amigos, assim, João Gilberto cantou aquela música a noite toda, junto com outras canções suas. Foi assim que ele revolucionou o jeito de tocar samba, todos queriam aprender aquelas batinhas que ele fazia, a partir de então o baiano tornou-se o papa da Bossa Nova.

1956, o então vice-cônsul Vinícius de Moraes, chega ao Brasil trazendo a peça “Orfeu da Conceição”, uma adaptação sua de uma tragédia grega. Vinícius procurou alguém para acompanhá-lo nas canções da peça, foi assim que nasceu a parceria Tom/Vinícius. Na época, Antonio Carlos Jobim era pianista no Clube da Chave.

Tom Jobim apresentou a João Gilberto a composição Chega de Saudade, uma parceria sua com Vinícius de Moraes, alguns meses depois o baiano entrou em estúdio para gravar o disco considerado o primeiro da Bossa Nova, nele, havia composições suas e da dupla Tom/Vinícius. O disco contou, ainda, com arranjos de Tom Jobim, que também tocou o piano.

O estilo foi o primeiro do Brasil a ter suas origens no âmbito universitário, uma vez que muitos grupos se apresentavam nas festas de faculdade e locais freqüentados pelos estudantes, além de alguns também serem compostos por universitários cariocas, que só queriam saber do violão.

Uma das músicas brasileiras mais conhecidas mundo afora é Garota de Ipanema, que já foi gravada em várias línguas por muitos artistas consagrados, entre eles Frank Sinatra. No ano de 1962 foi feito um concerto no ‘Carnegie Hall’, em Nova York, dele participaram, entre muitos outros, Tom Jobim, Agostinho dos Santos, João Gilberto, Luiz Bonfá, Carlos Lira, Chico Feitosa, Roberto Menescal. O concerto difundiu a música brasileira para outros países.

Um movimento encabeçado pela UNE procurou repaginar a Bossa Nova, deixando um pouco o Jazz de lado e introduzindo mais samba nas canções. Aderiram ao movimento cantores como Dorival Caymmi, Carlos Lira e Nara Leão. Vinícius de Moraes também participou dessa repaginação, que teve parcerias com Cartola e Nelson Cavaquinho. Nessa nova fase destacam-se Nelson Motta, Dorival Caymmi, Wilson Simonal, entre outros.

O fim da Bossa Nova se deu com a canção Arrastão, composta por Vinícius e Edu Lobo e defendida por Elis Regina no ‘I Festival de Música Popular Brasileira’. Dessa forma, surge a MPB, um gênero que hoje engloba diversos artistas pelo Brasil.

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Na próxima edição conheceremos um pouco mais sobre a história da Jovem Guarda. Espero que tenham gostado. Seus comentários, acréscimos e opiniões são muito bem-vindos!

6 comentários:

Yoshi disse...

ficou muito bom barb.. o proximo eu quero muito ver 8D

minha mãe adora a jovem guarda.. e aí.. felizmente ou não XD eu ouvi muito a minha vida toda... e... bom.. não é que eu goste, mas... po.. eu ouvi muito a minha vida toda ahuahuahuahua

Bárbara disse...

Aqui em casa tem uma coletânea, são uns 3 CDs com as músicas da Jovem Guarda. Quando eu era menor, os pega pra ouvir. Enfim, isso fica pra daqui um tempo. XD

Thyago disse...

sabe quando a kamila, do "Cinéfila por natureza", chega nos meus posts e diz "Não sei nada de games, rss".
Pois é, é assim que eu me sinto sempre que vejo algo falando de musica. é um assunto q nao sei NADA, sério, sou um completo paspalho neste assunto, nao sei nada e acho que jamais aprenderei.

eu não consigo gostar isoladamente de música, eu sempre a vejo como inserida num contexto. nao consigo comprar um CD de musica pq vc trem q escutar ele apenas, soh aproveitar a música. Eu soh consigo realmente gostar de uma musica se ela está inserida na trilha sonora de um filme, ou então de um jogo.

Como por exemplo, a música que toca quando Oh-ren Ishi, em Kill Bill, chega naquele restaurante. Ou então a música que toca no final de Metal Gear Solid 3, quando é contada a verdadeira missão da Joy (ou The Boss, como ela é mais lembrada).

Eu não consigo comprar um CD, baixo músicas para meu celular apenas para distrair a cabeça enquanto ando pela rua só para não ficar com a cabeça vazia enquanto caminho, ou então para eu poder pegar no sono enquanto viajo.

Já ouvi muita coisa, já tentei gostar de tanto tipo de música, mas simplesmente, não consigo fazer com que musica se torne algo essencial. É como o arroz, só presta se acompanha algo.

Anônimo disse...

Bárbara, Bossa Nova é, provavelmente, um dos estilos musicais brasileiros mais conhecidos no mundo inteiro. O que eu mais gosto nele é que ele se apropria de elementos da música norte-americana, especialmente o jazz, mas os adaptam à nossa realidade.

Bárbara disse...

Thyago, eu também sei MUITO pouco sobre música, muito pouco mesmo.

Mas, assim, eu amo amo música. Sabe, ela faz parte de minha vida. É aquele tipo de coisa, "minha vida tem trilha sonora...". Sempre tem alguma música que me faz lembrar de um momento, bom ou ruim, e assim o eterniza.

Além do mais, música boa, para mim, é aquela que me faz sentir algo, que me transmite alguma sensação, que me faz ter vontade de dançar, cantar, de só ficar parada ouvindo, apreciando a melodia, a letra, que me faz chorar, lembrar de algo bom, essas coisas. Até pra distrair, mesmo sem prestar atenção na letra, a música é perfeita!

E é um dos estilos mais conhecidos mesmo, 'Garota de Ipanema', se não me engano, é a segunda música brasileira mais conhecida lá fora. =]

Yoshi disse...

barb.. aqui em casa tem todos os discos (LP mesmo) do roberto carlos e jovem guarda

XD

a gente tem dois toca-discos aqui em casa.. um a corda antigo bagarai.. e o outro é mais muderno, tem até toca-fita ahauuahuahuaha