sexta-feira, agosto 21, 2009

A internet vai revolucionar a política?

imageEm meio a escândalos e mais escândalos dos quais nossa política não mais se dissocia, o mais recente teve um aspecto singular: os principais protestos foram articulados na internet, mais precisamente na ferramenta de microbloggin chamada twitter. A campanha do #forasarney nasceu nos Trending Topics dessa rede social e se espalhou pelas ruas das grandes cidades no último dia 15. Até agora não tem funcionado, nosso modesto coronel não arredou o pé. Mas a forma como tudo aconteceu pode nos deixar um legado de protestos sincronizados nesse país de proporções continentais, ou vai ser apenas mais uma forma dos comodistas sentados confortavelmente em frente ao seu PC reclamarem de tudo?


Marcelo Tas pode ser considerado o guru de uma geração, ele possui um jeitão de condutor de opiniões dos jovens que Serginho Groisman também possui, e o utilizava com maestria em seu auge no Programa Livre. Só que com um diferencial, Tas nos envolve na política. E desse envolvimento surgiu a indignação com o poder quase vitalício do homem que transformou o Maranhão em um dos estados mais miseráveis do Brasil. A campanha citada na introdução dessa postagem ainda está viva e forte, e possui a chance de ser consolidada em 2010, quando 2/3 do Senado serão 'renovados'. E segundo o próprio Tas a internet, o campo livre que não pode ser censurado, que abrange 100% do território nacional, é o meio perfeito para conscientizar a população e fazer com que essa renovação não seja uma 'renovação'.

Nos Stades uma eficiente campanha na internet conduzida pelo co-fundador do Facebook, Chris Hughes, contribui para a eleição incontestável do primeiro presidente negro daquele país – que inclusive continua utilizando esse meio para mostrar as ações de sua gestão (algo impensável para o Brasil?). No Irã a articulação de opositores às eleições forjadas foi conduzida também via internet. Na Suíça o Partido Pirata elegeu um representante no Parlamento Europeu, para lutar pelas causas da liberdade na troca de conhecimento e da privacidade virtual.

Os exemplos se multiplicam pelo mundo, mas será que no Brasil uma campanha de conscientização política conseguiria atingir objetivos concretos? Apesar da internet abranger 100% do território nacional, a Rede Globo com os seus 99% consegue ser bem mais objetiva, exercendo influência sobre uma parcela bastante significativa da população que é analfabeta virtual - uma massa grande o suficiente para decidir uma eleição e que é mais influenciável pelo populismo e pelo coronelismo do quê por campanhas virais.

Apesar disso a internet propicia algo interessante, eu sempre achei a construção de Brasília uma bela jogada de JK – tirar os líderes do país de um dos locais mais populosos e propícios a protestos do Brasil que era o Rio de Janeiro, e levar para o meio do cerrado, isolado de jovens revolucionários foi bastante esperto. Mas com a internet um protesto em qualquer local do Brasil pode chegar aos ouvidos dos nossos líderes, mesmo que possa parecer que não faz a diferença, faz. Vale lembrar que o senado é formado por representantes de todos os estados da federação, se o local de origem de um deles está tão insatisfeito ele vai fazer alguma coisa para melhorar a imagem. Certo? Pelo menos deveria ser assim.

E isso gera mais uma controvérsia, que eu vi em um fórum de alunos da UFRN – porque protestar contra escândalos do senado quando temos problemas graves em nossa cidade e em nosso estado? Foi um comentário bastante válido, não podemos construir um país forte sem antes resolvermos nossos problemas locais. É até mesmo utópico, para quê mudar algo tão distante daqui quando estamos afundados na nossa própria lama?

Aí vale lembrar que uma mudança estrutural não faz sentido se não moralizarmos também quem está no poder, os grandes marajás que controlam os pequenos fantoches de poder figurado que governam nossos núcleos habitacionais. A mudança já é demodê, se fala nela desde sempre e nem sempre ela é para melhor, mas infelizmente em quase todos casos ainda é necessária. A época está chegando e eu deixo a pergunta que intitula o texto para a nação, no próximo ano. Cabe a nós utilizar esse instrumento da melhor forma possível, não com partidarismo, mas com consciência, buscando o melhor – para todos, não para um.

Durma-se com esse barulho!

3 comentários:

Anônimo disse...

Belo texto! Eu acho que a Internet vai ser uma importante ferramenta para a política, sim, pois permite a proximidade entre candidato e leitor. É comum você ver, especialmente nos perfis dos políticos no twitter, uma troca de opiniões que nunca seria permitida de outra forma. E eu acho esse tipo de discussão muito benéfica, assim os políticos saem daquela redoma deles e se sentem mais próximos dos eleitores, que podem cobrar tudo de forma mais direta.

Thyago disse...

tem potencial, vejam o estrago que foi feito (e ainda está sendo feito) no irã.

eu mesmo estava a caminho do RU da UFRN na sexta e recebi um panfleto de protesto contra o sarney q aparentemente serah simultaneo em varias partes do pais.

e convenhamos, a pizza do sarney é até mesmo absurda.

El Jasque disse...

acho besteira, no brasil... os politicos usaram como desculpa para não incluir a corrupção no debate da reforma eleitoral. Da raiva, eles votam as coisas frívolas, e as importantes engavetam sem sequer ler, com medo de sobrar pra eles. também pudera, se eu escolhesse meu proprio salario eh obvio que seria o mais alto possivel, so nao passando o do presidente.