sexta-feira, setembro 11, 2009

Conheça o Partido Pirata do Brasil

Parece loucura utilizar um termo que é associado a ações ilegais para levantar a bandeira de um partido. Mas foi o que aconteceu na Suécia, em 1° de Janeiro de 2006. O Piratpartiet surgiu lutando pelo livre compartilhamento de conhecimento, por transparência na gestão pública e pela privacidade. Como já citei em um artigo anterior, ele conseguiu uma cadeira no Parlamento Europeu e é a terceira força política no país que o originou. Os ideais vêm sendo abraçados por jovens em todo o mundo, inclusive no Brasil. Conheça-os e saiba o que esperar do Partido Pirata do Brasil.

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Meu professor costuma dizer que alterações no espaço geográfico só ocorrem se o momento social e histórico permite. Não há melhor momento, cansado de escândalos políticos os jovens usam a internet para articular movimentos por todo o Brasil. Os tempos mudam, e a internet é a melhor coisa que já aconteceu à política, como diria o deputado federal Fernando Gabeira.

Como não poderia deixar de ser, o Partido Pirata do Brasil surge na internet de forma colaborativa, sem grandes nomes nem líderes marcantes, mas com cada vez mais pessoas juntando sua voz ao coro pela liberdade de compartilhamento de conhecimento – assim como na Europa, que teve um número de inscrições recorde durante o processo ao site de compartilhamento ThePirateBay. Entretanto, diferentemente de países como Suécia, Inglaterra, Finlândia, Alemanha, Espanha e França, que já oficializaram suas filiações como partido político, no Brasil ainda são um coletivo que realiza atos públicos, discute projetos de lei e se comunica por fóruns.

Tanto é que, questionado pelo portal Vírgula sobre a utilização do termo 'pirata' a resposta veio em formato wiki (que pode ser alterado): "ser um pirata é ser livre, é defender a liberdade do conhecimento, do compartilhamento de arquivos e ser contra qualquer tipo de controle de redes de comunicação ou o cerceamento ao acesso ao conhecimento".

No Brasil o partido surgiu em 2007, e após organização virtual o primeiro encontro presencial foi na Campus Party de 2009, seguido de reuniões em outras grandes cidades brasileiras. Atualmente os partidários defendem algumas causas como o Projeto Odereza e o Projeto Escola Pirata, além da luta para a legalização do partido. Eles já contam com uma lista de assinaturas virtuais, que não implica em nenhum comprometimento oficial, representando apenas um levantamento dos que apóiam o partido e se disporiam caso seja necessário assinar no papel futuramente. Você pode conferir aqui.


SAIBA MAIS!

  • Projeto Odereza: Nomeada em protesto à Lei Azeredo, considerada o AI-5 Digital, que criminaliza atos como destravar celulares e baixar músicas por compartilhadores P2P – sendo inclusive passível de prisão. Através de um projeto de lei popular desenvolvido
    colaborativamente, seu objetivo é dar publicidade aos atos de governos, órgãos, servidores e políticos através do uso das tecnologias para promover a transparência na gestão pública. Pretende-se que se cumpra ao pé da letra o que a lei determina: que todos os atos públicos sejam de fato públicos.
  • Projeto Escola Pirata: Reação do Partido Pirata ao “projeto Escola Legal” da Câmara Americana de Comércio (AmCham). Com a conivência do Governo do Estado de SP, a AmCham está introduzindo nos currículos das escolas públicas aulas sobre "pirataria", abordando o tema de forma enviesada, segundo interesses econômicos corporativos. O Projeto Escola Pirata pretende mostrar as vantagens da liberdade de acesso ao conhecimento e incentivar jovens e crianças a compartilhar, além de promover o espírito crítico e a
    defesa dos interesses coletivos nas escolas.

informações retiradas de uma publicação pirata. Imprima e a divulgue!


Como citado, a filiação internacional do partido defende o acesso à informação, o compartilhamento de conhecimento (sem fins comerciais), a privacidade e a transparência do governo. Já no Brasil, são defendidas também as bandeiras do software livre, inclusive na gestão da coisa pública (segundo o argumento de quê assim não favoreceríamos nenhuma empresa específica) e a inclusão digital, afirmada pela Escola Pirata.

Participar do coletivo é bastante simples, basta você acessar seu site, se cadastrar e utilizar os espaços como o fórum para levantar sua opinião. Você pode também consultar a lista de assinaturas citada anteriormente para encontrar outros membros da sua cidade e marcar reuniões presenciais. Como o partido cresce de forma colaborativa a linha organizacional é bastante horizontal e acessível.

FUTURO: A projeção dos partidários é que até as eleições de 2012 o partido já esteja legalizado, podendo ir às urnas. Internacionalmente há uma tendência de aliança com o Partido Verde, que também defende idéias modernas, tendo um forte apelo ao público jovem. E essa tendência pode se confirmar no quando de sua legalização, visto a tendência de representações fortes do PV, como Fernando Gabeira e Marina Silva, apoiarem as causas de liberdade virtual. No Brasil alguns nomes, como o escritor Paulo Coelho, já manifestaram seu apoio ao partido, e outros como o guru da era digital, Marcelo Tas, podem vir a representar essa bandeira futuramente. Especula-se, entretanto, que o destino de partidos 'temáticos' não é muito duradouro. É esperar para ver, enquanto isso vou baixar alguns episódios de Lost.

3 comentários:

Bárbara disse...

Não sabia da existência desse partido no Brasil. Interessante mesmo, apesar de também achar que aqui ele não tem muito futuro.

Bernardo Raeder disse...

Boa, vou divulgar esse partido entre meus amigos.^^

Jaderson disse...

Boas idéias. Mas realmente se os objetivos forem alcançados não fará muito sentido o pardo continuar com esse nome.